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PARASHAT PINCHÁS

B”H 

Parashat Pinchás (Bamidbar 25:10-30:1) 

 

Nesta Parasha, Pinchás Ben Eleazer Ben Aharon é recompensado pelo Eterno com o pacto de Shalom e confirmação sacerdotal pelo zelo de seu comportamento em face da imoralidade, idolatria e rebeldia de parte dos Benei Yisrael, que se envolveram com as filhas dos medianitas e seus deuses. O ato de Pinchas, faz expiação ao Am Yisrael e faz cessar a praga enviada. HaShem então ordena que se façam um censo contando cada shevet, homens acima de vinte anos aptos para o exercito de Israel.

 

O Eterno também estabelece a forma com a qual Erets Yisrael iria ser repartida, de acordo com a dimensão de cada shevet. A Torah narra o episódio da questão das filhas de Tselofchad, que não tendo irmão como herdeiro, indagaram sobre a herança da terra de seu pai. Assim o Eterno ordena pela Sua justiça perfeita, que elas poderão receber sua parte, estabelecendo assim nova lei de herança.

Enfim, é levantado censo sobre os Benei Levi e estabelecido algumas leis referentes aos Yomim Tovim e às oferendas e sacrifícios. Com a notícia de sua iminente morte, Moshe se preocupa com os Benei israel e clama ao Eterno por um novo líder, que o substitua e encaminhe o povo a Erets Yisrael. Assim HaShem nomeia Yohoshua Ben Num, o grande talmid (discípulo) de Moshe Rabeinu para assumir a liderança do Am Yisrael para a conquista de Erets.

A Parasha nos diz que HaShem estabelece uma aliança de shalom e de sacerdócio perpétuo com Pinchás e sua descendência. Seria esta uma “nova aliança” sacerdotal? Como podemos conciliar esta questão considerando que Pinchas já pertencia a linhagem de Aharon, cuja promessa se estendia em suas gerações?

O que a Parasha nos ensina hoje? 

  

Para entendermos esta questão, teremos que retornar ao contexto da história deste evento. Na Parasha anterior contemplamos a impossibilidade e o fracasso de Bilam em amaldiçoar Israel, o Povo de D’us, pois não é possível isto sob a proteção Divina na Aliança, como está escrito: “Porque não há encantamento sobre Yaacov e nem feitiços em Israel” (Bamidbar 23: 23). Sendo assim, Bilam chama o rei Balac, e parte para outra estratégia: “(...) e agora eis que vou para o meu povo, vem agora e te aconselharei o que farás” (Bamidbar 24: 14). Bilam aconselha o rei de Moab a tentar os israelitas através de formosas mulheres que se ofereceriam, fazendo que os Benei Yisrael pecassem pela contra o seu D’us, trazendo para si mesmo as consequências dos pecados e a maldição esperada. “Eis que por causa das mulheres (midianitas) os Benei Yisrael por conselho de Bilam, prevaricaram contra o Eterno no caso de Peor, e houve mortandade na congregação do Eterno.” (Bamidbar 31: 16). 

 

Quando Bilam tenta amaldiçoar Am Yisrael são proferidas palavras de bênçãos e não de maldições como ele queria. Vemos aqui que o Eterno contempla Seu povo sem levar em consideração os seus diversos pecados. No entanto uma vez perdoadas as transgressões de Seu povo, HaShem não se lembra mais delas como está escrito:  “Eu, Eu mesmo, Sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus pecados não me lembro;” (Yesha'yahu 43: 25). Como também: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Yeshua HaMashiach, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”; (Romanos 8: 1). Assim Toda a maldição, carga ou trabalho espiritual não alcança os servos de D’us,uma vez firmes e conectados com D’us através do Mashiach.

 

Há um processo de libertação para aqueles que se achegam a D’us e se conectam na Aliança, no entanto este se refere mais à condição de fraqueza humana e espiritual do que algum poder externo que o submete e o oprime como está escrito: “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de Mim procede, diz o Senhor”; (Yesha'yahu 54: 17)Portanto, somente o próprio homem, através de seu livre arbítrio, pode optar para a perdição longe dos caminhos de D’us e fora do alcance de Sua proteção por escolha própria: Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de D’us, que está em Yeshua HaMashiach Adonai;” (Romanos 8: 39).

Desta forma a tradição judaica nos relata que Yisrael foi atraído pelo mercado em Midian, que oferecia produtos dentro das tendas, onde as mulheres seduziram os homens à imoralidade, induzindo também a eles comerem das carnes de sacrifícios aos deuses, contaminando com isso toda a congregação. Houve então união entre os grupos e acordos entre famílias. Com este grave pecado, HaShem ordena a Moshe que procurem e enforquem os líderes do movimento e que estes rebeldes sejam mortos para que cessem a praga por D’us enviada naquele momento. Neste momento Zimri, o príncipe da shevet de Shimom, optou pela transgressão e por isso contratou casamento com Cushi, a princesa medianita, como tipo de símbolo de união e veio impor esta condição, que representava as demais, dentro do acampamento em meio a todo o povo. Assim o casal se dirigiu para a sua tenda, passando em frente ao Mishcan onde se encontravam Moshe e Eleazar o Cohen Gadol e os anciãos que choravam estarrecidos.

 

Neste instante, Pinchás tomado de zelo e indignação, se dirige para a tenda de Zimri, no meio do acampamento da shevet Shimon e atravessa com uma lança o príncipe e a princesa medianita, ato que faz cessar a praga enviada dos céus que, fizera perecer vinte e quatro mil pessoas da comunidade. HaShem dá a Pinchas o mérito de ser o cohem que ministrou a expiação aos Benei Yisrael por este ato de bravura e zelo pela causa do Eterno. Pinchas também sendo da linhagem de Aharon, colocou em risco o próprio sacerdócio e com a sua conduta, ninguém pode julgar seu caso no momento, mas aguardaram o dito do Eterno. No entanto HaShem aprova sua atitude de bravura e zelo pela santidade e o recompensa com esta promessa. No entanto seu proceder não confere o direito de cada homem em punir o seu próximo, sem ele ter o direito de comparecer ao tribunal ou Bet Din, mesmo em meio ao flagrante ato terrível de idolatria, incentivando todo o povo ao erro.

 

Assim este caso foi singular e julgado pelo Eterno, que lhe foi favorável. Este foi o grande exemplo de zelo da Obra do Eterno e inspirou pelas gerações o temor ao Eterno e a Sua causa. Na festa de Chanucá lemos a História do Cohen Matatiahu, que assassinou um apostata e o emissário do rei, influenciado pela atitude de Pinchas e bravamente se revolta contra o rei Antíoco Epifânio que impunha a Avodá Zará (idolatria) à força aos Benei Yisrael (cf. 1Macabeus 2). Pinchás demonstrou auto sacrifício, arriscando sua própria vida adentrando no acampamento da tribo de Shimon, fazendo justiça em um príncipe e líder de uma grande tribo com cerca de 24.000 homens acima de 20 anos bem como cometendo assassinato, que teria que responder por isso. Ele não consulta a Moshe nem ao Bet Din, mas arrisca sua vida praticando um ato de entrega total pelo zelo das coisas celestes. Seguir ao Eterno muitas vezes requer atitudes de risco e abandono da própria vontade, conforto e até a própria vida.

 

Yeshua HaMashiach também se entregou e demonstrou seu santo zelo pela Casa de Seu Pai, o Beit HaMikdash. Cercado de opositores ferozes, Yeshua derrubou as mesas dos mercadores e cambistas dentro do pátio do Templo, indignado com a falta de temor, roubo e comércio ligado ao culto e ao Templo. “(...) E Yeshua subiu a Yerushalaim. E achou no Templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do Templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da Casa de Meu Pai casa de venda. E os seus talmidim lembraram-se do que está escrito: O zelo da Tua Casa me devorou” (Yohanam 2: 13-17).

Os comentaristas do Talmud nos relatam que depois deste ato de Pinchás, os rebeldes queriam a justiça contra ele e disseram: “Vocês viram o descendente de Put (Yitrô), cujo pai de sua mãe engordava bezerros para a idolatria e ainda assim matou o líder de uma das tribos de Israel?” A tradição judaica nos relata que as tribos de Israel caluniavam e ridicularizavam Pinchás, mesmo antes do ocorrido, porque também ele era neto de Yitro, por parte de mãe, e assim não achavam adequado que ele poderia ser o futuro Cohen Gadol, nem mesmo seu pai por ter casado com uma mulher não judia. Contudo a lei que impede os cohanim de se casar fora das tribos de Yisrael só foi estabelecida depois da outorga da Torah (cf. Vayicrá 22: 14), e no caso de Elazar, ele contraiu casamento antes deste advento (cf.Shemot 6: 25; 18: 5-7; 27). 

 

No entanto isso não correspondia ao zelo pela Lei, mas representava a oposição que se mantinha contra a eleição da família de Aharon, e isso era fruto da inveja e rebeldia contra a liderança do sacerdócio, contra Eleazar o atual Cohen Gadol e Itamar seu irmão. A tentativa do inimigo geralmente se baseia na lei para desqualificar, desviar ou fazer desistir o servo de D’us de seu chamado e santidade. Esta lógica não se sustenta a partir do momento que se tem um conhecimento mais profundo da Palavra e vontade Divina bem como da convicção do chamado. Outra tática do inimigo é tentar convencer pela lógica e distorcer a realidade. Os opositores perguntam: Como Pinchas pode se indignar com Zinri e sua esposa não judia, se o seu próprio pai se casou também com uma mulher não israelita? Este argumento não se sustenta pois o importante é que eles foram consagrados para este ministério independente das circunstancias pois a unção de Elazar foi verdadeiramente de acordo com a vontade Divina (cf. Bamidbar 20: 26-28), portanto foi antes da outorga da Torah, e se estende para seus filhos e gerações. Por esta razão, nesta Parasha se diz que os filhos de Corach não morreram.

 

Alguns comentaristas atribuem a isso como fruto do arrependimento destes que se desvincularam do grupo salvando suas vidas. No entanto muitos estudiosos da Torah acreditam que estes filhos dizem respeito aos herdeiros dos ideais de Corach, aqueles rebeldes que se opunham contra o sacerdócio de Aharon, mesmo depois de diversos sinais sobrenaturais que indicavam a eleição desta família por parte de D’us.

 

Assim, os filhos de Corach indicam que em todas as gerações, na congregação dos Benei Yisrael, dentro do povo de D’us haverá sempre pessoas com a mentalidade de Corach, que sempre se rebelam diante de qualquer autoridade, ou ficam insatisfeitos e se opõe à liderança quando não alcançam seus sonhos e anseios na comunidade. Segue a inveja, a amargura e a rebeldia, não contra a liderança e sacerdócio mas contra D’us que a estabeleceu. Contudo Pinchas permanece na promessa do edito do Kadosh Baruch Hu e aguarda a ação Divina, a Sua confirmação e Seu apoio. As acusações e oposições, insultos constantes e outros vão minando qualquer pessoa, mas a Torah nos ensina que o talmid chachan deve se refugiar nas promessas de HaShem, com fé e confiança.

 

Aguardar a providência Divina e saber que um dia será confirmado seu chamado e cumprido seu propósito. HaShem valoriza todos os Seus servos e filhos e demonstra seu valor abertamente como fez com Pinchás de forma pública! David Hamelech também depois de grandes sofrimentos e injustiças contra a sua vida, também desejava isso de D’us: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte não temerei mal algum porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Prepara uma mesa na presença de meus inimigos, unges-me a cabeça com óleo e meu cálice transborda!” (Tehilim/Salmos 23: 4-5). Portanto podemos concluir que a Aliança citada representa a comprovação do sacerdócio aharônico, não só de Pinchás, mas de toda casa de Aharon, como ocorreu anteriormente, sob diversas formas, como o florescimento do cajado de Aharon, confirmando a Aliança já firmada em suas gerações pois D’us é fiel com todos os Teus filhos e Sua misericórdia dura para sempre!

  

Rosh Yossef Chaim (Maurício) – B'rit Olam.

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