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PARASHAT SHEMOT

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B”H 

Parashat Shemot (Shemot  6:2-9:35)

O segundo livro da Torah inicia narrando que os Benei Israel se multiplicaram muitíssimo e se tornaram prósperos em Mitsraim - terra para a qual Yaacov e seus filhos chegaram com setenta neshamot (almas).

 

Vendo o crescimento e prosperidade de HaShem multiplicarem-se sobre Am Israel, conforme as promessas e propósitos Divinos, Faraó teme pelo seu trono e estabelece cargas e tributos pesados para desestabilizar e empobrecer os israelitas. Os Benei Israel mantinham sua identidade e fé em HaShem e não tinham se misturado aos outros povos.

Com o tempo os Benei Israel foram escravizados, contudo sua população continuou crescendo e tendo muito vigor, o que causou ainda maior receio de uma possível tomada de poder no futuro. O Faraó encarregou duas parteiras para que matassem as crianças do sexo masculino no trabalho de parto das israelitas. Estas judias, designadas para o nefasto intento, desafiaram as ordens do Faraó e deixaram os meninos vivos, alegando que as mães tinham seus filhos antes de chegarem. Assim foi emitido um decreto real sobre todos os meninos hebreus, para que, ao nascerem fossem jogados para serem afogados no Rio Nilo.

 

É descrito então o nascimento de Moshê Rabeinu nestes dias, como parte dos propósitos Divinos. Seus pais, depois de terem ocultado o seu nascimento por três meses, confeccionam um cesto e colocam a criança às margens do Nilo. Mirian, a filha do casal, acompanhou a cena que a impeliu nas mãos de Batyah, a filha de Faraó que se banhava no rio. Assim, querendo ficar com a criança, Mirian se oferece para conseguir uma ama de leite, proporcionando à própria Yocheved um salário para a criação de seu legítimo filho, até que retorne aos braços de Batyah no palácio real. E cresceu Moshê no palácio como um príncipe, mas ainda tinha contato com sua família e seu povo, do qual se compadecia por suas cargas e sofrimentos.

 

Em uma ocasião, Moshê já adulto, ao ver um egípcio maltratando um de seus irmãos, acudiu-o e o agressor veio a falecer. Este episódio veio ao conhecimento público às autoridades o que obrigou Moshê a fugir pelo deserto até chegar à terra de Midian. Ali ele se estabeleceu, casando com Tsiporah, a filha de Yitró, o sacerdote local. Passando algum tempo a Torah nos relata que o lamento e as tefilot dos Benei Israel subiram ao Shamaim. HaShem então se revelou a Moshê, atraindo-o através de uma sarça que queimava mas não se consumia. Ali o Eterno se manifestou, entregando a Moshê a autoridade para efetuar sinais, para que ele seja instrumento Divino no resgate dos Benei Israel das mãos dos egípcios.

 

Mesmo a princípio recusando a missão, por não se sentir apto, Moshê aceita e parte para Mitsraim. Lá convence os anciãos da revelação de HaShem através de milagres e trás as boas novas da redenção conforme as profecias. Moshê e Aharon, seu irmão, se dirigem ao Faraó a fim de pedir a libertação dos Benei Israel para que sirvam ao Kadosh Baruch Hu com sacrifícios no deserto. Faraó recusa deixar Am Israel partir e o aflige ainda mais. O povo assim reclama contra Moshê, que clama ao Eterno por uma saída. Desta forma HaShem declara: “Agora verás o que Eu farei ao Faraó, que com mão forte vos enviará, e com mão forte vos desterrará de sua terra.” (Shemot 6:1)

 

 

O que a Parasha nos ensina hoje? 

  

As brachot estavam sobre os Benei Israel, pois o Kadosh Baruch Hu tinha propósitos a serem cumpridos através de Seu povo, pelas promessas da Aliança. Os israelitas se multiplicaram muitíssimo, neste contexto da antiguidade predominantemente agrário e pecuarista, esta era uma forma de providência para a prosperidade da família e do povo. O Talmud nos relata que as israelitas tinham gestações de múltiplos, o que chamou muita atenção naquela sociedade altamente mística, idólatra e supersticiosa. Diz o texto sagrado que Faraó temeu os israelitas, pois este povo se tornava cada vez mais numeroso e forte, transformando-se em uma possível ameaça.

 

A Torah nos dá a entender que os israelitas, deste período, mantiveram a fé no seu D-us e por isso não se misturaram étnica e culturalmente. Mantendo sua identidade e preservando na memória coletiva as promessas da Aliança. “Eis que o clamor dos Benei Israel é vindo a Mim” (Shemot 3:9b). Esta separação ou preservação de valores elevados de moral e santidade ao Eterno pode ter sido outra razão bem provável pela qual a antipatia e a segregação racial tomou conta daquela sociedade, assim como ocorreu na Pérsia nos dias de Mordechai (cf.Ester 3:8).

Os Midrashim (egípicios) nos revelam que muitos dos israelitas que haviam se assimilado em Mitsraim retornaram à fé após contemplar os sinais e maravilhas do poder do Eterno, contudo muitos outros morreram durante a praga da escuridão. Isso para que os egípcios não pudessem ver que HaShem também estendia Sua disciplina em parte de Israel. Nesta primeira diáspora não é mostrada a razão de forma clara, e podemos indagar quais seriam as transgressões do povo que causaram este infortúnio de tantos séculos. O que podemos supor é que a própria exposição ao perigo consiste em um ato contrário da vontade Divina. Os Benei Israel permaneceram na zona de conforto até vir a subjugação para somente depois ter a aspiração da liberdade e de uma vida baseada na fé em sua terra. Isto nos ensina que não podemos nos deixar levar pelo que o mundo oferece, cujos valores são estranhos à Torah. Devemos buscar o centro da vontade Divina, baseada nos seus propósitos, mesmo em meio a grandes dificuldades. Manter a fé e marchar sem delongas aos objetivos, e manter nossa família e comunidade sempre unidas na emuná, a verdadeira fé, para a preservação dos valores e princípios da Torah.

As mulheres hebreias, como também as conversas a Am Israel, se destacaram ao longo da história de nosso povo como sustentáculo e escudo contra a assimilação de conceitos externos e estranhos, uma vez que a elas estão relacionadas disposições naturais de criação e proteção. A própria Batyah, filha de Faraó, que a tradição relata como uma conversa ao judaísmo. Seu coração foi atingido pelo amor e justiça, o que a levou a contrariar frontalmente as ordens de seu pai, adotando a criança hebreia e deixando com sua mãe para que pudesse ser amamentado. Ruth, a moabita, mesmo em condições difíceis, escolheu acompanhar e servir sua sogra, uma mulher idosa. Abandona sua terra e sua antiga religião para buscar ao Eterno, dando exemplo até mesmo aos Benei Israel sobre o valor da Torah.

As parteiras exerceram papeis fundamentais nesta gueulah. Rash diz que Shifra e Puah são as parteiras Yocheved e Mirian, respectivamente, a mãe e irmã de Moshê Rabeinu. Elas foram ícones da resistência à assimilação e contra o movimento de extermínio de nosso povo. Elas deram de si e resistiram às ordens de Faraó, arriscando as próprias vidas para preservarem as das próximas gerações. Por esta razão a Torah nos diz que HaShem lhes concedeu “casas”, o que representava grandes brachot não só para elas, mas também para suas gerações, sendo que estas bênçãos abrangeram em pouco tempo a todo Am Israel.

 

O nome Shifra está ligado à raiz meshifar, que alude a: fazer o bem, conforme o Tratado Sota 11. Ela fez o bem às famílias, arriscando sua própria vida, como um escudo protetor. O nome Puah corresponde a uma expressão de grito, conforme em Yshaiahu 42.14. Nossos sábios relacionam o costume das mulheres que cuidam de crianças, que usam o sussurrar para tranquilizar as que choram ou gritam. Nas circunstâncias em que a família estava naquele período, escondendo Moshê por três meses, Puah Mirian, atuou com seus dons de acalmar e levar o pequeno Moshê nas margens do rio esperando um milagre. Ações que podem parecer simples, mas que exerceram importância fundamental para que os propósitos divinos na redenção de Israel pudessem se cumprir.

A matriarca Sarah recebeu total apoio divino em querer que Avraham expulsasse a escrava Agar e seu filho, pois eles exerciam influências negativas que iriam comprometer toda a família e propósitos divinos. A literatura rabínica comenta este episódio em Shemot Raba 1: "E Yishmael, que se comportou perversamente e Avraham seu pai não o repreendeu, e como resultado ele caiu em maus caminhos e saiu sem nada. O menino trouxe ídolos do mercado para brincar e acabou se relacionando com eles. E Sarah viu que o filho de Agar, a egípcia que dera à luz para Avraham, estava enganando, então disse a Avraham: mande esta empregada e seu filho para fora, para que meu filho não aprenda com ele. Neste caso o Eterno interveio e disse: Porém D-us disse a Avraham: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sarah te diz, ouve a sua voz; porque em Itzak será chamada a tua descendência," (Bereshit 21:12). Os nossos sábios dizem que Avraham foi secundário a Sarah em profecia e discernimento.

A resistência à assimilação de nossa fé e identidade judaica, como servos de D-us sempre foi o maior desafio de nosso povo. Enfrentamos este inimigo desde o período dos nossos patriarcas, mas no Egito, representou o estágio mais intenso até então, pois o grau de impureza chegou nos seus limites e nos dias de hoje também estamos caminhando para este estágio.

Hoje podemos sentir certo preconceito da sociedade em geral em relação ao nosso povo e aos que se mantém firmes nos valores e fidelidade ao Eterno e à Sua Torah. As próximas gerações dependem de nosso comprometimento com o Eterno no viver e no ensino, preservando nossa família e espalhando a Luz da Torah e do Mashiach por onde andarmos. Sabemos que a luz sempre incomoda as trevas, Yeshua nos diz que ela revela a verdade e por isso que o mundo odeia a luz e os seus receptáculos. Contudo, podemos nos manter seguros nas promessas e na proteção do Eterno como diz Rav Shaul: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados, perplexos, mas não desanimados, perseguidos, mas não desamparados, abatidos, mas não destruídos." (2 Coríntios 4:8,9)

  

Rosh Yossef Chaim (Maurício) – B'rit Olam.

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