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PARASHAT TOLEDOT

B”H 

Parashat Toledot (Bereshit 25:19-28:9) 

 

Ytschac ao tomar Rivca como sua esposa, ficaram 20 anos sem ter filhos e eles oraram ao Eterno e lhes concebeu gêmeos. As crianças lutaram no ventre de Rivca. “(...) E cresceram os meninos e Yaacov era homem íntegro (ish tam – homem simples, completo, pacífico) e morava em tendas e Esav era perito caçador, homem do campo” (Bereshit 25: 26-27). Em uma ocasião Esav voltava de sua caçada, estando faminto, pediu ao irmão uma porção de lentilhas que ele havia feito e assim, facilmente, negociaram a primogenitura de Esav.

 

A Torah relata a peregrinação de Ytzchac nas terras dos peshelim (filisteus), depois que HaShem o proíbe de sair de Erets e logo após o Eterno confirmar sua Aliança com ele. Ytzchac é abençoado com muitas colheitas e riquezas. Ele enfrenta sérias oposições com o povo da terra, por causa da inveja e se vê obrigado a retirar-se para a cidade de Bersheva.

Esav tomou mulheres da região por esposas sem o consentimento de seus pais e as ações destas desagradavam aos seus pais. Rivca conduz Yaacov a enganar a seu pai a fim de receber a bracha do primogênito. Esta atitude enfurece a irmão Esav que deseja matá-lo. Yaacov se dirige para a cidade de Haran a fim de fugir da ira de seu irmão e encontrar uma esposa em meio à parentela de Avraham e Sarah. Esav além de suas esposas, casa-se com a filha de Ishmael ben Avraham.

O que a Parasha nos ensina hoje? 

Parashat Toledot” leva o nome de “gerações” implicando na mais curta genealogia descrita na Torah, “Avraham gerou Ytzchac”, o que difere das longas genealogias constantemente descritas nas Escrituras Sagradas. Assim, a Torah enfatiza o ato de gerar de Avraham indicando que ele gerou Ytzchac duas vezes, isto é, trouxe a sua existência ao mundo físico e gerou, também, para uma espiritualidade viva, sendo ele pai e mestre. Esta tarefa consiste em uma das mais importantes e nobres mitsvot, que está presente em nossa tefilá diária do Shemá "[...] e as (palavras de Torah) inculcarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Devarim 6:4-9).  

 

Assim, a Torah deve estar, constantemente, presentes no dia a dia do relacionamento familiar. Estas palavras sagradas devem também serem ditas de forma que sejam inteligíveis ao nível de absorção que se encontra o ouvinte, para que possam penetrar na neshamá, pois elas não são alimento físico, porém espiritual e não são dirigidas aos ouvidos, mas ao coração. Assim, HaShem trabalhará estas palavras no interior de cada um para frutificar em temor, amor e mitsvotAvraham foi grande exemplo de pai que conseguiu passar profundos conceitos de emuná, TorahMitsvot ao seu filho, ao ponto de a Torah nos relatar a seguinte frase “[...] e ambos seguiram juntos” (Bereshit 22:6), isto em direção a Akedá Itschac (amarração), para fazer conjuntamente o sacrifício ordenado por HaShem. Esta nobre missão garante a vida pelas gerações no serviço ao Kadosh Baruch Hu que segundo Suas promessas geram qualidade de vida espiritual e material como esta escrito: “E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu D’us” (Devarim 28:2).

 

É importante destacar que a obrigação dos pais é ensinar, não somente com palavras, mas também com atos e ações, confirmando a veracidade e autenticidade das palavras na vida daquele que a transmite." Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, do mesmo modo, também, a fé sem obras é morta." (Yaakov 2:26).

 

 O Talmud relata que quando a criança ainda está no útero materno, recebe de um anjo instruções sagradas de Torah. Isso também nos indica, sendo literal ou metáfora, que todo o homem vem a esse mundo puro e limpo, sem impedimentos e pronto a receber instruções para cumprir com os objetivos Divinos de sua existência terrena, como está escrito, “Elohai, a alma que me deste, pura, Tu a criaste, Tua a formaste e Tu a insuflaste em mim, e Tu a conservas em mim [...]" (Tefilah baboker – Sidur). No entanto ao ser inserido no mundo, ele deve lutar como contra uma corrente de águas, como um peixe subindo para sua fonte e nascente para cumprir sua missão de desovar, pois sabe que lá encontrará águas tranquilas para que suas sementes prevaleçam. As Escrituras nos advertem a sempre estar buscando a retidão do procedimento nos atos de justiça, como um servo que faz o seu trabalho para que se cumpra o propósito e a obra seja realizada com excelência, "procura apresentar-te a D’us aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade" (2 Timóteo 2:15). 

No entanto os filhos de Ytzchac se dividem em um tsadik (justo) e um rashá (perverso). Temos Yaacov, ish tam, que tem o prazer e valoriza a santidade do lar, onde a presença Divina se estabelece e Esav, o perito da caça, homem do campo que se envolve com o senso comum das nações e prefere o que o mundo oferece e rejeita totalmente os valores da Torah. Ele externa isso em suas ações, bem como, ao se unir com mulheres de outra fé, as quais o texto sagrado diz que aborreceram o espírito de seus pais, pois não seguiam a justiça nem a piedade dos princípios espirituais, mas os valores do mundo e da idolatria. Assim este tipo de conduta ameaçava a continuação das instruções Divinas de Torah nas gerações de Esav, amargurando o coração de seus pais.

 

A vida com D’us implica em renúncia do próprio ego e dos valores do mundo, com o intuito de andar em santidade na presença de D’us e cumprir a Sua justiça. Então, disse Yeshua aos seus talmidim "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si o seu madeiro e siga-me.Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras" (Mattityahu 16:24-27).

 

A venda da primogenitura de Esav se torna repugnante e emblemática pelo desprezo da Aliança do D’us de seus antepassados. Ele não deu o devido valor às coisas espirituais, ao ponto de negociá-las por, apenas, um pequeno prazer e necessidade momentânea. A atitude do primogênito é incongruente, quando este não recebe a bracha de seu pai acusa o irmão de ter “roubado” aquilo que ele mesmo tinha menosprezado e negociado. Assim por desprezar os valores espirituais, a impiedade o leva a odiar seu irmão ao ponto de querer matá-lo.

 

As lágrimas de Esav não eram fruto de Teshuvá, o arrependimento para um retorno à justiça, mas da sensação de perda e da incapacidade de reconhecer o erro e a verdade gerando rancor violento. Sendo este sentimento que muitos tem desenvolvido contra D’us e Seu povo “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em entendimento. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência. Porque por meu intermédio se multiplicam os teus dias, e anos de vida se te aumentarão;” (Mishlei 9:8-11).  

Contudo nesta questão, tendo em vista que ambos receberam a mesma instrução e ensino de seus pais leva-se em conta o livre arbítrio acada um, em seguir ou não os caminhos de HaShem, temer ou não o Teu Santo e Bendito Nome, crer ou não em Suas preciosas promessas. Portanto o resultado desta difícil e sublime missão, que todos os pais enfrentam, frequentemente, ocorre o que o chacham Shlomo declara em Mishlei: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (22:6). 

Rosh Yossef Chaim (Maurício) – B'rit Olam.

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